Vida acadêmica II



Hoje, quando um ou outro reclamou alguma coisa da matéria,  eu fiquei lembrando de uma aula que a gente teve lá na Unicamp....
As aulas dessa disciplina, acho que era Sintaxe 25 (a gente fez tanto curso de sintaxe...), duravam uma hora a mais do que as aulas regulares na Unicamp. Então, enquanto todo mundo tinha aula das 14:00 às 17:00, a gente tinha das 14:00 às 18:00. Enfim. Nessa aula específica ocorreu um fato i-nu-si-ta-do: o professor está dando aula, normal, a gente acompanhando pelo handout, normal, quando o tempo começa a virar.
Não eram cinco horas ainda, e o céu fica escuro. Aí, começa a ventar. O vento espalha os papeis em cima da mesa. O professor vai lá, e fecha a porta. O vento abre a porta. O professor vai lá, e coloca uma cadeira pra segurar a porta. E continua a aula, como se nada estivesse acontecendo. Aí, a aula transcorre normalmente, com o vento empurrando a porta e a porta batendo na cadeira.
Todo mundo das outras aulas começa a ir embora:  a gente escuta o barulho no corredor e escuta também o vento empurrar a porta e a porta bater na cadeira.
O vento fica mais forte; forte a ponto de a gente achar que está chegando um twister na cidade.
Aí começa a chover, mas não aquela chuva fraca não, começa a cair um temporal, um pé d'água, uma chuva torrencial. A gente pensa, pelo menos eu penso, que o fim do mundo anunciado pra 2012 (estávamos em 2001) tinha se antecipado e eu vou morrer assistindo aula de sintaxe!
E a aula... continua normalmente.
De repente, a luz acaba. E fica um silêncio sepulcral (adoro essa palavra "sepulcral"). Que só dura alguns segundos, mas o suficiente para ser sepulcral. O silêncio só é interrompido pela voz do professor que.... continua com a explicação da derivação, como se na-da, absolutamente na-da estivesse acontecendo: como se o mundo não estivesse acabando num temporal; como se a gente estivesse conseguindo ler os exemplos do handout e as árvores no quadro; e como se a gente não estivesse ali só de corpo, porque a alma já tinha sido levada pelo temporal. Enfim.
Alguns minutos depois de quebrar o silêncio, ele se dá conta, vira pra gente e explica qualquer coisa que tem que terminar o handout pra começar outro assunto na aula seguinte. E aula termina, no escuro, um pouco antes das 18:00h.

Quando a gente sai da sala, o IEL é um deserto só. Nessa época, eu morava perto do campus e ia a pé pra casa. No caminho, a gente vê árvores arrancadas do chão, folhas espalhadas por tudo que é lado, carros amassados. Um caos total. Eu penso, realmente, o fim do mundo tinha chegado. Ainda bem que a gente estava na aula de sintaxe e não viu nada disso acontecer....
Ainda bem!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Diário de Quarentena: sete meses depois e eu vou falar do pronome neutro ou a peleja pronome neutro x preço do quilo do arroz

Diário de Quarentena: "O sistema de pronomes neutros e o preconceito linguístico: resposta ao Isaque"

Diário de Quarenta: Um ano depois ...