Eu, professora-doutora-orientadora II

Quando eu comecei a trabalhar na UFRJ, em 2008, nem sabia a velocidade com que as coisas iam acontecer na minha vida de professora-doutora-orientadora. Muito menos sabia quando eu ia começar a ser orientadora...
Mas aí, o curso da vida toma o seu próprio rumo e um dia, havia nem dois meses que eu tinha começado a trabalhar, me aparece uma aluna, toda cheia de atitude, na porta da minha sala querendo falar comigo.
Ela veio com um papo do tipo: "Oi, você é a professora Silvia? Então, eu gostaria de fazer iniciação científica com você".
Eu achei estranho, pois na semana anterior tinha aparecido uma menina, indicada por outro professor, me procurar porque queria trabalhar com morfologia. Mas eu não trabalho com morfologia e a menina insistia: "Mas você não é a professora Silvia? Não dá aula nesta sala?" Aí, eu me dei conta que eu não era a Silvia que ela estava procurando, mas outra. Que, por acaso, dava aula naquela sala, mas depois da minha aula. Enfim...
Eu virei pra essa aluna, a segunda, e perguntei: "como é meu nome todo?" E ela sabia, então eu era a Silvia que ela queria.
Ela veio com um papo do tipo: "eu sei que você trabalha com sintaxe diacrônica, sei que você é nova aqui e está precisando de aluno de iniciação científica". "Oi?!", eu pensei. Eu nem bem comecei a trabalhar aqui e já instalaram em mim um chip ligado num GPS?!
Assim, como toda entrevista objetiva no corredor tem que ser, eu perguntei: "Você está em que período? Fez História com quem? Sintaxe com quem? Então me manda o seu histórico e a sua CRID por email que depois a gente marca pra conversar."
E ela perguntou: "Tá, me passa seu email."
E eu disse (com ar superior, por me sentir tão invadida no segundo mês do meu trabalho): "Você não sabe tanta coisa de mim? Então, acha meu email por aí."
A menina achou o email, mandou o email, e até hoje é minha orientanda. Não de IC, é claro, porque a vida segue seu rumo.

E foi assim que eu consegui a primeira orientação de IC UFRJ. Sem fazer nada, absolutamente nada.
Mas que até hoje eu fico cabreira querendo saber onde implantaram o chip ligado no GPS, ah se fico...

Comentários

  1. E essa história marcou sua vida...ah se marcou!!!

    ResponderExcluir
  2. Stalkers... Eles estão por todos os lugares.

    ResponderExcluir
  3. Vai ficar velha, vai se aposentar pela compulsória... e vai contar essa história pro mundo!rs

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Diário de Quarentena: sete meses depois e eu vou falar do pronome neutro ou a peleja pronome neutro x preço do quilo do arroz

Diário de Quarentena: "O sistema de pronomes neutros e o preconceito linguístico: resposta ao Isaque"

Diário de Quarenta: Um ano depois ...